Descubra alguns dos distúrbios alimentares mais comuns e perceba os sinais que nos indicam que comer se tornou um vício.
O açúcar pode fazer parte de uma dieta equilibrada, em que se come de tudo, de forma saudável. Mas, para a Associação Brasileira para o estudo sobre Obesidade e Síndrome Metabólica – Abeso, é importante desmistificar este conceito erróneo acerca da nutrição e deixar de comprar qualquer alimento a drogas.
O nosso cérebro responde ao açúcar e à gordura de forma semelhante à resposta a drogas, no que respeita a ativar os centros de prazer e recompensa, contudo, a endocrinologista Cintia Cercato afirma que não podemos comparar o vício por comida ao vício em drogas, uma vez que nenhum alimento é capaz, por exemplo, de criar sintomas de crise de abstinência.
Porque acabamos viciados em comida que nos levam a distúrbios alimentares?
Fazemos várias coisas que nos conferem o sentimento de recompensação, no entanto, quando vamos para uma prática excessiva e as tornamos um hábito, o cérebro vicia-se. Em relação à comida, podemos verificar que muitos obesos têm compulsão alimentar, não comem porque têm fome, mas sim porque isso se tornou um hábito.
Estes distúrbios alimentares condicionam uma pessoa, ao ponto de que quem se vicia em comida não cheira, nem sente o que come. Além disso, não aproveita e não consegue parar. O que confere o prazer que sentem é a dopamina, que quanto maior é o prazer, mais o nosso cérebro produz.
A comida torna-se um vício quando o ato de comer começa a afetar o próprio funcionamento social por causa do comportamento que esse mesmo ato implica. Por vezes, a justificação para chegar a um distúrbio alimentar pode relacionar-se com a perda de alguém, onde o vício pela comida surge como uma tentativa de escape.
Dos distúrbios alimentares à anorexia e compulsão
Os transtornos alimentares mais conhecidos passam pela bulimia ou anorexia, mas todos os anos surge o aumento do número de vítimas. Descubra alguns tipos e veja como identificá-los:
Anorexia – Trata-se de uma condição mental com a mais alta taxa de mortalidade, pois provoca uma perda de peso muito rápida. Os pacientes começam a restringir o consumo de alimentos que eles consideram muito calóricos e esses cortes ficam cada vez maiores. Ao mesmo tempo, distorcem a própria imagem corporal e continuam a acreditar que estão gordos;
Bulimia – Aqui encontra-se dois momentos onde, o primeiro, passa por um exagero no consumo de determinados produtos que, na sequência, há uma culpa por se ter ingerido e se procura alguma forma de expurgar aquelas calorias, normalmente, por meio do vómito. Estas ações são geralmente feitas sem que as pessoas à volta se apercebam;
Compulsão alimentar – Há uma ingestão enorme de comida, muitas vezes motivados por questões emocionais, ansiedade e stress. Alguns dos portadores deste transtorno desenvolvem obesidade grave;
Ortorexia – A obsessão é por alimentos saudáveis, puros e naturais, que costuma aparecer em pessoas com traços de perfeccionismo. Este quadro pode gerar um grande sofrimento emocional, uma vez que o portador geralmente recusa comer algo que não foi preparar por ele mesmo, levando também a um isolamento social;
Ruminação – Dá-se a regurgitação do pouco que se comeu na última refeição e mastiga-se novamente. Parte dos portadores deste transtorno cospe o conteúdo, enquanto outra parte engole uma segunda vez. Este processo repete-se praticamente todos os dias, um quadro descrito em bebés, crianças, adolescentes e adultos de 20 a 30 anos de idade que, além da saúde mental, pode trazer consequências ao organismo, graças à ida constante de ácidos estomacais para o esófago, garganta e cavidade bucal, podendo originar úlceras, mau hálito e cáries;
Pica – Quem sofre desta síndrome ingere itens que não são considerados alimentos de verdade, como moedas, terra, tecidos, papel, entre outros. Também podem engolir ingredientes sem nenhum preparo, como farinha ou batata crua;
Tare – Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo, este é um quadro típico de crianças que se recusam a comer um grupo alimentar específico por motivos que vão de aparências e cor a odor, textura, temperatura ou paladar. A exemplo, há quem não experimente nada que seja amarelo. Este transtorno pode causar impacto no desenvolvimento infantil e levar a déficits importantes;
Vigorexia – A obsessão aqui, por sua vez, é com a ideia de um corpo perfeito, músculos fortes e corpo definido. É uma síndrome mais comum entre os jovens que se submetem a uma rotina exaustiva e exagerada de exercícios físicos. Também podem desenvolver cismas com a comida, como apenas comer determinados alimentos ou suplementos proteicos. Em alguns casos há ainda ao consumo de anabolizantes e outras substâncias proibidas para alcançar os resultados desejados.
Precisamente pela comida não criar abstinência, comer pode tornar-se traiçoeiro, até porque não se pode indicar a alguém que jamais volte a comer. No entanto, se reconhecer alguns dos sintomas acima descritos ou se considerar que precisa de ter hábitos alimentares mais saudáveis, procure um profissional de saúde para o acompanhar nesta caminhada.
Os sinais de alerta podem ser episódios como comer mais depressa do que o normal, comer até ficar desconfortavelmente cheio, comer às escondidas por vergonha, sentir-se desgostoso, deprimido ou muito culpado depois de comer ou, comer sem ter a sensação física de fome.
A avaliação nutricional é o primeiro passo para planear uma dieta balanceada, distante de possíveis distúrbios alimentares. Alguns casos podem ainda beneficiar da junção do acompanhamento de um nutricionista a um profissional de saúde mental.
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